segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fatos que se repetem



Existem fatos que entra ano e sai ano e eles sempre se repetem, para tristeza de muitos e vergonha da grande maioria. Este é o caso das enchentes do Sul e do Sudeste do Brasil que, a cada ano, se repetem e transformam-se em tragédias.

Em 2010, nesta época, aconteceram as grandes enchentes de Santa Catarina, ocasião em que várias cidades foram literalmente destruídas por aquelas enchentes e pelos inúmeros desmoronamentos das encostas dos morros, que produziram uma verdadeira avalanche de terra e de pedra, destruindo casas e soterrando famílias inteiras. Estávamos, ainda, no governo Lula. E os noticiários televisivos mostravam, em verdadeira grandeza, a dimensão daquela tragédia e do desespero do povo catarinense. E em meio aquela calamidade, vários ministros de Estado lá estiveram, fisicamente, cada qual anunciando providências para minimizar o sofrimento daquela gente, inclusive a montagem de hospitais de campanha das Forças Armadas, coisa que, aliás, ocorreu de imediato.

No ano passado, nesse mesmo período, eis que ocorre outra tragédia. Desta vez na região serrana do Rio, onde, além das enchentes dos rios, houve um enorme deslizamento das encostas dos morros, numa aterradora avalanche de terra e pedras, que soterrou casas e famílias. Isto sem falarmos daquele bairro de Niterói, instalado sobre um aterro sanitário, que desabou devido as chuvas e que ceifou a vida de várias pessoas e destruiu o patrimônio de outras. E, em ambos os casos, novamente lá estavam os ministros de Estado prometendo providências, até mesmo em razão dos intensos noticiários da imprensa e do clamor da sociedade. Aliás, até a presidente Dilma esteve na região serrana do Rio, sobrevoando-a de helicóptero, para ver e sentir a extensão daquela calamidade que angustiou todo o povo brasileiro.


Agora, em 2012, novamente as chuvas causam estragos em várias cidades de Minas, Rio, S.Paulo, e até no Espírito Santo. E a situação é tão grave, que em muitas delas já foi declarado o “estado de emergência”. E em meio a esse caos, novamente ministros se reúnem e anunciam providências.

Porém, como as catástrofes têm-se repetido a cada ano e às vezes na mesma cidade, setores da imprensa resolveram investigar as providências prometidas à região serrana do Rio, cuja catástrofe ocorreu no início de 2011. E para espanto de todos, nada ou quase nada foi feito em Nova Friburgo, Teresópolis e nos demais municípios da região, inclusive, muitos dos conjuntos habitacionais do projeto “Minha Casa Minha Vida” estão no papel ou ainda em obras. Isto sem falar das obras de recuperação de vias urbanas que não avançaram. E em estágio igual ou pior estão, também, as cidades de Santa Catarina, que foram literalmente destruídas no início de 2010.

Contudo, estranhamente, Pernambuco que não sofreu nenhuma catástrofe, pelo menos no ano passado, foi o Estado que mais recebeu recursos para prevenir calamidades, aliás, muito mais que o Rio, Minas e Santa Catarina, que sofrem com isso há 3 anos consecutivos.

O que está ocorrendo? Como não se libera dinheiro para os estados que sofrem com as catástrofes, como Santa Catarina, Rio e Minas, e, em contrapartida, libera-se para Estado que não teve nenhuma? Por outro lado, quando é que o governo federal vai aprender o significado da palavra emergência? Sim, porque de nada adianta centenas de municípios já terem declarado “estado de emergência”, se a ajuda do governo não chega a tempo de minimizar o sofrimento das pessoas.

Mas, em meio a esta onda, o mais estranho é que a presidente Dilma assinou uma medida provisória, no final de 2011, liberando recursos para prevenção de calamidades, mesmo havendo a disponibilidade desses recursos no orçamento de 2011. Por que Sua Excelência, em vez de editar uma medida provisória, não mandou, simplesmente, empenhar esses recursos?... Ninguém entendeu. E ninguém explicou.

De qualquer forma, mesmo que as coisas piorem no Rio, em Minas ou Santa Catarina, seria bom que a presidente Dilma lá não fosse, nem de helicóptero, até mesmo para preservar a imagem da Presidência diante desses fatos, que se repetem todos os anos e que, certamente, envergonham a maioria dos brasileiros.


Fonte: Publicado em O LIBERAL de 11/01/2012, 1º caderno, pág. 02

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