Em qualquer lugar do mundo as chuvas são tidas como bênçãos do céu, não só porque irrigam o solo e viabilizam uma boa colheita aos agricultores, mas, também, porque irrigam as florestas, o que aumenta a umidade e diminui a secura do ar, notadamente nas regiões onde o clima é seco.
Ultimamente, porém, as chamadas chuvas de verão, no Brasil, têm causado sérios problemas às nossas cidades do Sul e Sudeste, em razão das enchentes dos rios e córregos que ganham grandes proporções, destruindo plantações, diques, pontes, provocando o deslizamento de terra e pedras das encostas dos morros, matando pessoas e desalojando milhares de famílias.
Na verdade, essas chamadas chuvas de verão, do Sul e Sudeste, têm levado centenas de municípios, dessas regiões, a se declararem em “estado de emergência” e até “de calamidade”, tal o índice de destruição em que se acham, principalmente nos centros urbanos, onde o desespero das populações é, ainda maior. Em S.Paulo, por exemplo, mesmo sendo a maior cidade do Brasil, é provável que ao menor prenúncio de chuva já assuste a população, que, obviamente, deve ficar angustiada, até porque, não raro, qualquer “chuvinha” provoca um caos no trânsito, com dezenas de quilômetros de congestionamento de veículos, em face, é claro, da pouca capacidade dos bueiros que não conseguem dar vazão as águas, e, por conseguinte, as ruas ficam alagadas. E tudo isso acontece, porque S.Paulo, além de ser quase toda impermeabilizada pelo asfalto ou por concreto, a bitola do esgoto pluvial é menor do que aquela necessária para receber o volume d’água das ruas e dar-lhe a devida vazão. Por outro lado, os córregos e rios que atravessam a cidade são pequenos, demais, para receberem o volume d’água despejados pelos esgotos, em razão do aterramento de suas margens para ocupações desordenadas, ou, como ocorreu com o rio Tietê, para a construção de suas avenidas marginais.
É evidente que o paulistano vai ter que conviver com esse caos, até porque a solução seria caríssima, devido aos elevados custos de indenização ou do aprofundamento dos canais, que poderia, talvez, causar até sérios problemas geológicos.
Contudo, o que acontece hoje em S.Paulo, devido à falta de planejamento no passado, deveria ser observado pelos gestores de outras cidades, até mesmo para que não cometam os mesmos erros. Todavia, o que se vê, lamentavelmente, são as mesmas coisas acontecerem em outras cidades. Belém, por exemplo, que está abaixo do nível do mar e que é entrecortada por igarapés e que deveria estar acostumada com as chuvas, vive, também, os mesmos dilemas em suas ruas e avenidas. E aí perguntamos: Como é possível as nossas chuvas de inverno, do nosso inverno amazônico, que qualquer morador de Belém sabe que começam a ocorrer, com mais frequência e mais intensidade, a partir do mês de janeiro, apanha a nossa cidade com os bueiros entupidos e os canais cheios de entulhos? Porque não se promove a limpeza dos bueiros e dos canais nos meses de novembro e dezembro, pelo menos, de maneira que estejam limpos na época invernosa e permita a rápida vazão das águas da chuva? Evitando-se, assim, os constantes alagamentos de nossas vias, que, por óbvio, causam enormes transtornos aos seus moradores e ao transito, que, não raro, vira um caos.
Mas, além da limpeza dos bueiros e dos canais, é preciso que a Prefeitura de Belém administre, com a devida responsabilidade técnica, as “comportas” desses canais em suas embocaduras, de maneira que as mesmas sejam fechadas nas marés cheias, para evitar o transbordo dos canais; e abertas nas marés baixas, para que as águas possam fluir com rapidez.
É simples não é? Mas pelo visto em Belém não é. E a prova disso, são as enchentes em nossas vias a cada chuva. Contudo, se alguém disser que as comportas funcionam e são bem administradas, então perguntemos: de que adiantou tanto investimento nos projetos de drenagem da bacia do Una, do Tucunduba e agora da Estrada Nova, se Belém não aguenta a tradicional chuvinha da tarde, que sempre caracterizou a nossa cidade? Sinceramente, não podemos deixar que as chuvas de Belém se transformem em angustia a nossa gente, como as de S.Paulo são para os paulistanos.
Fonte: Publicado em O LIBERAL de 25/01/2012, 1º caderno, pág. 02
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