quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Pará grande do século XXI


No início do século XX, a Amazônia, e em particular o Pará, viveu a fase áurea da borracha. São Paulo era o maior produtor de café; a Bahia do cacau e assim por diante.

Nos anos 50, São Paulo foi gradativamente perdendo a primazia de ser o maior produtor de café e passou a se industrializar cada vez mais. A Bahia, além do cacau, passou a produzir petróleo. E Minas, além de criar zebu, construía suas primeiras hidrelétricas e ganhava sua siderúrgica.

Nos anos 70, São Paulo consolidou-se como o maior parque industrial do País. Minas, juntamente com Goiás e o Rio Grande do Sul, tornaram-se referência na pecuária. A Bahia, como maior produtor de cacau e de petróleo. O Paraná como maior produtor de café, desbancando São Paulo. E o Pará? O Pará surge como detentor da maior província mineral do mundo, na Serra dos Carajás, do ouro da “Serra Pelada” e de uma enorme reserva de bauxita no município de Oriximiná.


O País vivia a fase do “milagre brasileiro”. E no Pará, é implantado o Projeto Grande Carajás; o complexo de exploração da bauxita no Porto Trombetas, em Oriximiná; a Albrás e o porto da Vila do Conde, em Barcarena; além da hidrelétrica de Tucuruí, para garantir energia à fabricação do alumínio.

Em 1995, com a inauguração da Alunorte, em Barcarena, concluiu-se o ciclo da produção de alumínio no Pará, desde a exploração da bauxita, sua transformação em alumina e a fabricação do alumínio. E assim, no final do século XX, além de ser o maior produtor de ferro, o Pará passou a ser, também, o maior produtor de alumínio; bem como de caulim, devido às reservas do alto rio capim. E agora, já no século XXI, no maior produtor de bauxita, graças à exploração das jazidas de Paragominas e de Juruti, e, em breve, será de cobre e de níquel.

Mas em 2002 foi concluída a 2ª etapa da hidrelétrica de Tucuruí, que hoje está com o total da sua potência instalada. As obras de Belo Monte estão em andamento e a sua primeira máquina deve funcionar no início de 2015, aliás, num tempo, recorde, semelhante ao da montagem de uma termoelétrica. Porém no rio Xingu, acima de Altamira e abaixo da foz do rio Iriri, tem a cachoeira de Babaquara, onde espero que se construa a hidrelétrica de Altamira, para que, utilizando a técnica de vasos comunicantes, se assegure a água para Belo Monte gerar o total da sua potência instalada no período da estiagem. No Tapajós, acima de Itaituba, será implantado o Complexo Hidrelétrico do Tapajós. E no alto Tocantins, acima de Marabá, a hidrelétrica de Marabá.

Se somarmos a potência das hidrelétricas de Marabá (2.000 Mwatt), Tucuruí (8.370 Mwatt), Belo Monte (11.233 Mwatt), Altamira (6.600 Mwatt) e do Complexo do Tapajós (10.600 Mwatt), dá um total de 38.803 Mwatt, que eqüivale a mais da metade de toda energia hidrelétrica gerada hoje no Brasil e que é da ordem de 72.000 Megawatt.



Como se vê, a implantação dessas hidrelétricas na área de influência da Transamazônica, no trecho Marabá – Itaituba, é mais do que um projeto de Estado. É um projeto de País. E tudo isso sem falarmos das hidrelétricas do Teles Pires e de Santo Antônio do Jarí, que estão em obras; além de Curuá-una e das PCHs instaladas no rio Curuá, próximo a Castelo dos Sonhos, e do rio Itapacurá, próximo ao Trairão, que, ainda, está em fase de estudos.

Este é o Pará grande do século XXI. O maior produtor de energia elétrica do País, graças ao seu espetacular potencial hidrelétrico que, seguramente, é o maior do Brasil.

Mas o importante, não é o Pará ser o maior produtor de minérios e de eletricidade do Brasil. O importante, é que o Pará lute, não só pela compensação dos danos ambientais, mas, principalmente, pela remuneração do minério extraído em seu território e da energia gerada em seus rios. Aliás, é bom lembrar que a Lei Kandir (criada numa época, de crise, em que as exportações precisavam de estímulo para reequilibrar a balança comercial do Brasil) desonera da cobrança do ICMS todo o minério exportado e a Constituição, por sua vez, não admite a cobrança do ICMS da energia, na fonte geradora. É por isso que o Pará sofre, pela falta de recursos para investir em infraestrutura e em outras áreas.

Essa é uma luta que vale a pena. E que só será vencida, com a união de todos os paraenses.


Fonte: Publicado em O LIBERAL de 07/12/2011, 1º caderno, pág. 02

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