No domingo passado, 06/11/2011, a cidade de Altamira festejou os seus 100 anos, em meio a festas e ao alvoroço ali instalado, a partir do início das obras de Belo Monte.
É evidente que Altamira tem muito que festejar nesses seus 100 anos, até porque, de uma cidadezinha de beira de rio dos anos 50, é hoje a cidade-pólo do Vale do Xingu e da Transamazônica. Aliás, basta lembrar que pelo censo de 1950 o município de Altamira tinha uma população de 7.669 habitantes. Em 1961, graças ao desmembramento dos municípios de Senador José Porfírio e São Félix do Xingu, a sua população caiu para 7.397 pessoas.
Em 1970, com a construção da Transamazônica, a sua população passou para 15.345 habitantes, sendo 5.734 na cidade e o restante (9.611) no meio rural. Já em 1975, graças ao projeto de colonização da Transamazônica, efetuado pelo INCRA, a população de Altamira atingiu 18.586 habitantes.
Em 1970, com a construção da Transamazônica, a sua população passou para 15.345 habitantes, sendo 5.734 na cidade e o restante (9.611) no meio rural. Já em 1975, graças ao projeto de colonização da Transamazônica, efetuado pelo INCRA, a população de Altamira atingiu 18.586 habitantes.
Como se vê, graças a Transamazônica e aos projetos de colonização do INCRA, do início dos anos 70, a população de Altamira teve um incremento de mais de 142%, e a sua sede transformou-se no mais importante centro comercial da Transamazônica e do Vale do Xingu, de cujas regiões, aliás, tornou-se referência. E com a instalação das delegacias regionais da administração federal e estadual, passou a ser a cidade-pólo do centro-oeste do Pará.
Em 2010, segundo o censo do IBGE, o município de Altamira, constituído pelo distrito-sede e pelos distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra (esses dois últimos situados na BR-163) tinha um total de 99.076 habitantes, dos quais 77.193 estão na Sede. Eu disse tinha, porque hoje, graças ao início das obras de Belo Monte, creio que a população da cidade de Altamira já tenha ultrapassado os 90 mil habitantes. E como a cidade não estava preparada para receber essa avalanche de pessoas, que para lá foram em busca de trabalho ou de novas oportunidades, vive hoje o drama da falta de vagas em hotel e em hospitais. Os restaurantes estão sempre lotados. Os aluguéis triplicaram de preço e o mesmo acontece com o valor dos imóveis. Falta tijolo para construção e até pedreiro. As ruas estão congestionadas de pessoas e de veículos. E, por óbvio, o volume de lixo cresceu assustadoramente. E no ano que vem, deve haver falta de vagas nas escolas. Enquanto isso, o município continua recebendo os mesmos recursos de outrora, mesmo tendo que resolver esses problemas, que são mais que desafios, tudo porque, em vez de se discutir esse impacto, que era previsível, perdia-se tempo discutindo apenas o impacto ao ambiente natural do rio Xingu.
É certo que o governo do Estado e a Eletronorte pensaram sobre tudo isso, há mais de 15 anos, ao elaborarem o Plano de Inserção Regional de Belo Monte, que transformou-se no atual Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu. Mas, além desse plano, tem ainda as condicionantes estabelecidas pelo IBAMA e o Plano Básico Ambiental (PBA). Todos com ações e metas... Mas, cadê o hospital da cidade de Altamira, previsto nas condicionantes e que a Norte Energia não construiu até hoje? Cadê a chamada Vila Permanente, que já deveria estar construída dentro do centro urbano e que não sabemos onde vai ser? E a implantação dos sistemas de água e esgoto, quando começa? Cadê as oportunidades para que empresas e profissionais de Altamira participem do empreendimento?... Aliás, s obre este assunto, como se justifica a contratação de uma empresa de Santa Catarina para levantar as espécies que sofrerão corte raso, quando temos, em Altamira, empresas e engenheiros florestais da melhor qualificação técnica? Será que esses profissionais de Santa Catarina, mesmo sendo bem preparados, conhecem as espécies vegetais da Amazônia? É certo que eles sabem tudo sobre “araucária” e outros tipos de pinho. Mas será que conhecem “acapu”, “muiracatiara” e outras madeiras típicas da Amazônia? Creio que não. Contudo foram eles os contratados para o serviço. E que, obviamente, deverão sub empreitá-lo por um preço muito aquém do real.
Sinceramente, não foi para isto que se brigou tanto para Belo Monte ser construída. Mesmo assim, parabéns Altamira pelos seus 100 anos. Afinal, a luta continua.
Fonte: Publicado em O LIBERAL de 09/11/2011, 1º caderno, pág. 02
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