A semana que passou foi pródiga em fatos que viraram notícias, como, por exemplo, a captura do ex-ditador Muamar Kadafi, da Líbia, que, pelas imagens veiculadas pela televisão, foi literalmente linchado e morto, encerrando, assim, o seu regime de 40 anos.
Um outro fato que marcou a semana foi, sem dúvida, a denúncia de que o ministro Orlando Silva, dos Esportes, teria recebido milhões em propina de ONGs, que deveriam executar ações de um projeto chamado “segundo tempo”.
É evidente que um escândalo como esse ganhou um enorme espaço na mídia, e não poderia ser diferente, até porque a presidente Dilma estava na África e a expectativa era de que, no seu retorno, o ministro fosse exonerado, até porque, certamente em face do escândalo, o presidente da FIFA já o havia descartado das funções de interlocutor entre o governo brasileiro e aquela entidade “mater” do futebol mundial. Contudo, para surpresa de todos, a presidente Dilma não o exonerou, apesar da Procuradoria Geral da República tê-lo denunciado ao STF. E, dessa forma, o ministro continua ministro. Só não se sabe até quando, uma vez que outras ONGs, segundo o noticiário, vão à luta com novas denuncias.
É lógico que qualquer escândalo de corrupção incomoda. Mas este muito mais. Porque envolve o ministro dos esportes do país sede da Copa do Mundo de 2014 e por isso ultrapassa as nossas fronteiras e torna-se um escândalo internacional. Daí a imediata declaração do presidente da FIFA, descredenciando o ministro Orlando Silva das funções de interlocutor do governo junto aquela Instituição. E por isso, muitos entendem que o certo seria a presidente Dilma exonerá-lo de imediato, até mesmo para resguardar as boas relações com a FIFA.
Mas, em meio a tantas notícias tristes, eis que o Senado nos brinda com uma boa notícia, quando decide assegurar a todos os estados da Federação, e não somente ao Rio e ao Espírito Santo, os royalties do petróleo, extraído na plataforma continental, reabrindo, assim, a discussão sobre um reordenamento da Federação Brasileira. Vamos ver, agora, o que os senhores Deputados Federais dirão a respeito.
Por último, antes de ontem, a imprensa noticiou a presença da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, em Manaus, para inaugurarem uma ponte de 3,5 km de extensão sobre o Rio Negro, considerada a maior ponte estaiada do Brasil (com 400 metros de trecho suspenso por cabos) e que demorou três anos e meio para ser construída, a um custo de mais de um bilhão de reais, mais do que o dobro previsto, segundo o noticiário dos jornais.
O inusitado, porém, é que essa grande e belíssima obra de arte da engenharia, liga Manaus ao município de “Iranduba” que, por óbvio, ninguém conhece e que fica na outra margem do Rio Negro, que, segundo o noticiário, dará acesso a outras quatro cidadezinhas. O trajeto que um carro deve fazer agora em minutos, era feito em 2:00 horas de balsa. E a ideia, segundo um político amazonense, é integrar essas cinco cidades à região metropolitana de Manaus.
Que coisa!... É aí que você percebe a importância de um ministro ser do seu estado. Enquanto no Amazonas foi construído essa ponte por mais de 1 bilhão de reais e que liga Manaus a lugar nenhum e cuja relação custo/benefício é quase nenhuma, a ponte sobre o rio Xingu, no eixo da Transamazônica, não foi sequer iniciada, apesar do início das obras de Belo Monte. E do mesmo modo, a pavimentação da Transamazônica segue em passos de tartaruga. Tudo porque o ministro dos transportes na época, Alfredo Nascimento, era do Amazonas. O mesmo que, meses atrás, foi exonerado pelo seu envolvimento em corrupção.
Desde quando essa ponte sobre o rio Negro, apesar de belíssima, é mais importante para o desenvolvimento do País, que a pavimentação da Transamazônica? Desde quando essa ponte sobre o rio Negro, apesar de ser a 2ª maior do mundo em seu estilo, é, economicamente, mais importante que a ponte sobre o rio Xingu, no eixo da Transamazônica, principalmente em razão das obras de Belo Monte?
Como se vê, os ministros não se preocupam com o futuro do país e sim, apenas, com o futuro dos seus estados. Essa é a única justificativa, real, para a construção da ponte sobre o rio Negro. Assim não dá.
Fonte: Publicado em O LIBERAL de 26/10/2011, 1º caderno, pág. 02
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