Na semana passada, exatamente na quinta e sexta-feira, estive em Altamira participando das reuniões do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (leia-se Belo Monte), ocasião em que foram aprovadas as primeiras liberações de recursos, tanto para as ações de mitigação dos impactos econômicos e sociais que serão provocados pelas obras de Belo Monte, bem como para as ações de desenvolvimento regional, como é o caso dos cursos de gestão pública, que serão ofertados pelo TCM em conjunto com a UFPA, e o curso de medicina, a ser instalado no campus avançado da UFPA de Altamira.
Encerradas as reuniões, a idéia era voltar no sábado para Belém. Todavia, fui literalmente sequestrado por um grupo de amigos para acompanhá-los pela Transamazônica até Rurópolis, onde, à noite, aconteceria a “festa das flores” - o maior e o mais tradicional evento social daquela cidade e que envolve toda a comunidade. E assim, após o almoço, saímos de Altamira rumo a Brasil Novo (45 Km), trecho que em grande parte já está pavimentado, muito embora todas as pontes ainda sejam de madeira. De Brasil Novo seguimos para Medicilândia (45Km), em cujo trecho não há nenhum pedaço de asfalto e todas as pontes continuam de madeira, apesar de haver trabalho de terraplenagem.
De Medicilândia fomos para Uruará (90 Km), de onde seguimos para Placas (60 Km) e daí a Rurópolis (90 Km). Lamentavelmente nesse trecho, de 240 Km, a estrada é toda de chão, não há máquinas e nenhum serviço de terraplenagem, o que é preocupante, principalmente para aqueles que sonham com o asfalto há 40 anos.
À noite, já em Rurópolis, participei da festa, ocasião em que foi escolhida a “rainha das flores” do ano, num concurso que envolveu 16 belíssimas candidatas. E no domingo, após o café da manhã, segui para Santarém pelo eixo-Norte da BR-163, em cujo trecho, de 227 Km, há uma enorme movimentação de máquinas, num intenso trabalho de terraplenagem e de pavimentação, sendo que do total faltam pavimentar 60 Km, dos quais, segundo dizem, a metade estará pronta até o final do ano.
Em Santarém, conforme o programado, deveria embarcar para Belém às 15h20. Mas eis que havia três aeronaves em solo para serem despachadas, sendo uma para Manaus e duas para Belém. E, por óbvio, houve uma grande concentração de passageiros que ali estavam para processarem os seus respectivos embarques. No entanto, a estação de passageiros do aeroporto de Santarém é pequena demais para suportar a operação simultânea de três aeronaves e o resultado disso, obviamente, foi o desconforto e a irritação de centenas de passageiros, que desejavam, apenas, serem bem atendidos, até porque pagam uma alta taxa de embarque. Aliás, sobre o assunto, penso que seria interessante os ilustres representantes do Pará, no Congresso Nacional, exigirem da Infraero a imediata ampliação e modernização d a referida estação de passageiros ou estabelecer horários diferentes para a operação de aeronaves naquele aeroporto, até mesmo para evitar tumulto na hora do embarque.
Mas, após todo aquele sufoco, consegui embarcar. E já dentro do avião, lembrei do passeio pela Transamazônica e BR-163. E imaginei como o saudoso ministro Sérgio Mota, das Comunicações, reagiria ao saber que ao longo da Transamazônica e da BR-163 nenhuma das concessionárias de telefonia móvel celular funciona, a não ser, é claro, nos centros urbanos das cidades ali estabelecidas, e, mesmo assim, com um serviço de péssima qualidade?
É claro que, considerando a autonomia das agências reguladoras, o mínimo que ele faria, era pedir a imediata intervenção na Anatel, punindo, inclusive, toda a sua diretoria, por não fazer cumprir o programa de expansão do sistema de telefonia móvel celular, que prevê a instalação e funcionamento desses equipamentos em todos os municípios brasileiros e não só nas cidades – sedes dos municípios. Aliás, este é outro assunto que deveria ocupar o tempo dos ilustres senadores da República e dos não menos ilustres deputados federais e estaduais, até porque a má qualidade dos serviços de telefonia móvel celular é um fato real e vergonhoso, principalmente no interior do Estado.
Fonte: Publicado em O LIBERAL de 28/09/2011, 1º caderno, pág. 02
Nenhum comentário:
Postar um comentário