No artigo da semana passada, tratei da desaceleração da economia, da queda do PIB e da fala da presidente Dilma dizendo que “os investimentos em infraestrutura farão o Brasil crescer”, no que concordo plenamente, até porque essa estratégia foi usada pelo presidente Roosevelt, nos anos 30, para superar a grande depressão americana.
Mas, se a presidente Dilma está convencida disso, porque as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não são executadas, obedecendo a um cronograma pré-estabelecido? Porque não são concluídas, por exemplo, as obras de pavimentação da BR-163 e da transamazônica? Ou será que o PAC I e o PAC II, lançados no governo Lula, não dispõem dos recursos à sua execução?
É por essas e outras que o saudoso presidente Juscelino Kubitschek é inesquecível, não só por ter inovado, como candidato, ao lançar o seu plano de metas em 1955, constituído de 30 metas bem definidas e que tinha na construção de Brasília a sua meta síntese, mas, principalmente, por tê-las cumprido. Aliás, todo brasileiro sabe que o presidente JK foi quem construiu Brasília e para lá transferiu a capital da República, que era no Rio de Janeiro. O que muitos não sabem, especialmente os mais jovens, é que o presidente JK cumpriu todo o seu plano de metas nos seus 5 anos de governo, superando, inclusive, algumas das metas. Se não vejamos:
Meta da energia: Elevação da potencia instalada de 3000 Mw para 5000 Mw em 1960 e ataque de obras para atingir 8000 Mw em 1965. Instalação de uma Central Atômica pioneira de 10 Mw e expansão da metalurgia dos minerais atômicos. Aumento da produção anual de carvão de 2 milhões de toneladas em 1955 para 3 milhões em 1960. Aumento da produção de petróleo de 6.800 barris/dia, em 1955, para 100 mil barrris/dia, em 1960. Aumento na capacidade de refino de petróleo de 130 mil barris/dia, em 1955, para 330 mil barris/dia, em 1960.
Meta de transporte: Construção de 2.100 Km de novas ferrovias e 280 Km de variantes; além do reaparelhamento das existentes com a aquisição de 11 mil vagões, 900 carros de passageiros e 420 locomotivas modernas. Pavimentação asfaltica de 5.000 Km de rodovias, aumentando assim para 5.920 Km a rede asfaltada em 1960. Construção de 12.000 Km de novas rodovias (inclusive a Belém-Brasília, Brasília-Acre e Brasília-Fortaleza), aumentando para 22.000 Km, em 1960, a rede federal que era de apenas 10.000 Km. Ampliação da frota de navios de cabotagem de 800.000 toneladas para 1.100.000. Aumento da frota de petroleiros de 205.000 toneladas para 585.000 em 1960. Renovação da frota aérea comercial, com financiamento para aquisição de aviões a jato; bem como a construção de aeroportos e estações de passageiros.
Meta da indústria: Aumento da capacidade de produção de aço em lingotes de 1.000.000 ton/ano para 2.000.000 em 1960 e 3.500.000 em 1965. Aumento da capacidade de produção de alumínio de 2.600 toneladas/ano para 18.800 em 1960 e 52.000 em 1962. Início da fabricação de borracha sintética. Implantação da indústria automobilística, para produzir 170 mil veículos nacionalizados em 1960. Implantação da indústria de construção naval, de material elétrico e de mecânica pesada. Aumento da produção de celulose de 90.000 ton/ano para 260.000 e de papel de imprensa de 40.000 ton/ano para 130.000.
Meta de alimentação: Aumento da produção de trigo de 600.000 ton/ano para 1.200.000 em 1960. Construção de armazéns e silos para uma capacidade estática de 742.000 toneladas. Construção e aparelhamento de armazéns frigorífico com capacidade estática de 45.000 toneladas. Aumento do número de tratores em uso na agricultura de 45.000 para 72.000 unidades. Aumento da produção de adubos químicos de 18.000 toneladas para 300.000.
É claro que ao fazer esse apanhado, o faço com a consciência da importância do presidente JK para o Brasil, numa época em que não se fabricava nem bicicleta. E tudo isso ocorreu, sem contar com os recursos que hoje são disponíveis. Daí a decepção com o PAC, cujas obras não avançam, diferentemente do presidente JK que, em apenas 5 anos, executou todas as metas do seu plano de governo, inclusive Brasília que, aliás, foi construída em apenas três anos e meio.
Fonte: Publicado em O LIBERAL de 13/06/2012, 1º caderno, pág. 02
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