quinta-feira, 14 de junho de 2012

A crise europeia e o PAC


Enquanto o mundo se preocupa e discute soluções para a crise da Europa, até porque ela pode contaminar a economia global, o Brasil cuida da CPI do Cachoeira e do trabalho de bastidor do ex-presidente Lula, junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal, para que não julguem este ano os réus envolvidos no processo do “Mensalão”, cujo escândalo ocorreu no primeiro mandato do ex-presidente Lula. E a pressão para que não sejam julgados neste ano, é por que em 2013 muitos dos crimes prescrevem, e, por conseguinte, o processo será arquivado e ninguém será punido.

Mas, enquanto o Brasil se dedica a essas questões menores, o mundo não para. A crise europeia chegou e solapa a nossa economia. E a prova disso é o nosso crescimento, que ficaria entre 4,0% e 4,5% do PIB e baixou para 3,5% a 4,0%. E agora já se anuncia abaixo de 3,0%. Tudo em função da desaceleração do setor industrial por causa do câmbio, em face da sobrevalorização do real em relação ao dólar, devido às altas taxas de juros praticados no Brasil.


Em razão disso, o Banco Central foi gradativamente reduzindo os juros e com isso houve a subida do dólar, que hoje vale mais de dois reais. E isso, é claro, estimulou as exportações e deu fôlego ao setor industrial. Contudo, os pátios das montadoras continuam superlotados de veículos. E aí o governo decidiu diminuir o imposto sobre produtos industrializados (IPI) dos carros, geladeiras, fogões e outros produtos para estimular o consumo interno e aquecer a nossa economia, como fez o governo Lula na crise de 2008/2009. Porém, os indicadores mostram que a população brasileira, por estar endividada, não quer ir às compras. E com isso os produtos continuam encalhados. O que fazer? Qual a saída, para evitar que o Brasil vá para a recessão e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ch egue a zero ou fique negativo?

A saída é a lição dada ao mundo pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, dos EUA, quando enfrentou a grande depressão americana, no início dos anos 30, fazendo forte investimento em infraestrutura.

Mas, cadê o programa de aceleração do crescimento (PAC), que foi lançado no terceiro ano do 2ª mandato do presidente Lula?

No PAC I, além da construção da hidrelétrica de Belo Monte, que, apesar de ser da iniciativa privada, é a sua maior obra, consta a pavimentação da Transamazônica e da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), a transposição das águas do rio São Francisco, cujo projeto prevê a irrigação do chamado triângulo da seca e muitas outras obras. Mas, cadê essas obras? Por acaso estão paradas, como a pavimentação da Transamazônica e da BR-163?

Que Programa de Aceleração do Crescimento é este, cujas obras não deslancham?

É certo que as eclusas de Tucuruí, constante do PAC I, foram concluídas e inauguradas. Mas, de que adiantou aquela grandiosa festa, da qual participou, inclusive, o então presidente Lula, se a derrocagem das pedreiras do rio não foram feitas até hoje, inviabilizando a hidrovia, de Tucuruí a Marabá? Afinal, a luta pelas eclusas era para viabilizar a hidrovia. Do contrário, não tinha sentido.

Agora, quando a crise europeia nos afeta e põe para baixo o crescimento do PIB, a presidente Dilma diz que “os investimentos em infraestrutura farão o Brasil crescer...” Mas, de que investimentos estará falando a dona Dilma Rousseff? Os do PAC I e do PAC II que não aparecem? E se os recursos existem, por que as obras não são executadas? De quem é a culpa?

É claro que é do próprio governo, e, também, do Congresso Nacional, que deveria se dedicar muito mais no acompanhamento da execução das obras do PAC I e do PAC II, do que na CPI do Cachoeira e no julgamento do “Mensalão”.

É óbvio que a pavimentação das rodovias Transamazônica (BR-230) e Cuiabá-Santarém (BR-163), bem como a transposição das águas do rio São Francisco, para irrigar o semiárido e matar a sede dos nossos irmãos nordestinos, que, aliás, passam por uma grande seca, são projetos da maior importância para o desenvolvimento do Brasil. Por que então se procrastinar a sua execução?

Que se faça, então, todas as obras do PAC I e do PAC II. E logo veremos que a crise da Europa, passará ao largo. Não há o que discutir. Temos apenas é que fazer, o que já está programado.




Fonte: Publicado em O LIBERAL de 06/06/2012, 1º caderno, pág. 02a

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