O artigo da semana passada, neste espaço, foi um verdadeiro relatório da maratona que se fez pelos municípios da área de influência de Belo Monte, situados na Transamazônica e no rio Xingu.
É evidente que um artigo escrito na forma de relatório, não é muito comum e a sua leitura, provavelmente, não é muito prazerosa. Contudo, era necessário que assim fosse, até mesmo para que as pessoas soubessem, com exatidão, os municípios da Transamazônica e do rio Xingu que serão impactados por Belo Monte. E aquela maratona se fazia necessária, para que se realizasse reuniões em cada um desses municípios, preparando-os para o chamado “Mutirão da Cidadania Xingu”, que tem início hoje, na cidade de Altamira, onde permanecerá por quatro dias consecutivos e de onde seguirá para os demais municípios da área que será impactada por Belo Monte.
Ressalte-se que esse “mutirão da cidadania Xingu” consiste na realização de reuniões educativas; na expedição de documentos pessoais às populações locais, pelo Pró-paz; entrega de títulos de propriedade dos lotes de terra rural e urbano pelo “Terra Legal”, (devidos áquela gente há 40 anos), aposentadoria pelo INSS; regularização ambiental, pela Sema; prestação de serviços de saúde pelo programa “presença viva”, da Sespa; além de outros.
Na prática, esse “Mutirão da Cidadania Xingu”, marca o efetivo início das obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte, que, aliás, já provoca uma grande revolução em Altamira, tal a quantidade de construção de prédios novos e a absoluta falta de vagas nos aviões e hotéis.
Na verdade, Altamira vive um momento muito especial da sua história, só comparável ao tempo da abertura da Transamazônica no início da década de setenta. Tudo é só expectativa. É a expectativa de novos e melhores empregos, de novos negócios, da construção de um novo hospital de 150 leitos; da implantação de sistemas de distribuição de água e de coleta e tratamento de esgoto, que atenda toda a cidade. É a expectativa da construção dos conjuntos habitacionais, para onde serão transferidas todas as famílias que moram em palafitas às margens dos igarapés Altamira, Ambé e Panelas, dentro do centro urbano da cidade e que, a cada ano, são desalojadas de suas casas, em decorrência das enchentes naturais do rio Xingu, que ocorrem a cada inverno. É a expectat iva da urbanização das margens dos citados igarapés, após a transferência dos moradores de suas margens e da pavimentação das suas ruas, após a implantação dos sistemas de água e de coletas de esgotos. É a expectativa da ampliação do seu aeroporto, com a construção de uma nova estação de passageiros... Enfim, Altamira vive a espectativa de um novo tempo com a construção de Belo Monte. E o mesmo acontece com Vitória do Xingu, onde, também, será construído um hospital de 80 leitos e implantado os sistemas de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto.
Afora isso, a região vive a expectativa da tão sonhada pavimentação da Transamazônica e da recuperação das suas inúmeras estradas vicinais, que foram construídas e abandonadas pelo Incra ao longo dos últimos 40 anos. Além, é claro, da expectativa de que todas as estradas vicinais, dos municípios impactados por Belo Monte, sejam atendidas pelo programa “Luz para Todos”, principalmente depois da publicação do decreto nº 7.520, de 08/07/2011, que prorrogou esse programa até 2.015 e da portaria nº454, de 26/07/2011, do Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que autoriza a celebração de “contratos específicos” para as obras de eletrificação rural, integrant es do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu, nos municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu, todos da área de influência da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. E é evidente que a eletrificação da gleba Assurini e das demais estradas vicinais, do entorno de Belo Monte, é uma medida das mais justas, até porque não se pode repetir os mesmos erros cometidos em “Tucuruí”, onde a população do seu entorno só foi beneficiada com a eletrificação 20 anos depois da sua inauguração.
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